O café chegou à Europa...
Entre o fim do século XVI e o início do século XVII o café chegou à Europa através de Veneza na Itália, vindo do Oriente, onde era a bebida oficial entre muitos muçulmanos. No Oriente Médio as “Kaveh Kanes” que antes serviam apenas para reuniões religiosas, com o tempo tornaram-se locais de conversas, debates, política e negócios, além de outras actividades proibidas pelos mais radicais, como a música, dança e jogos. Com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos, que se converteram ao islamismo, estes primeiros cafés turcos passaram a ser chamadas de "escolas", pois ali se encontravam todas as pessoas cultas para dialogarem e ajudarem na instrução dos ouvintes. Mas a entrada do café na Europa provocou a sua rejeição pelos líderes católicos europeus pois tratava-se de uma bebida dos infiéis muçulmanos e a sua cor negra seria um sinal do diabo. Contudo, o Papa Clemente VIII (Ippolito Aldobrandini), durante o seu papado de 1592 a 1605, provou a bebida, baptizou-a e abençoou-a, tornando-a uma bebida cristã. Terá dito que o café deveria ser sempre puro como um anjo e doce como o amor. Os seus seguidores também a queriam quente como o inferno e preto como o carvão. O hábito de tomar café tomou conta de Veneza e de toda a Itália, aristocratas, cortesãs, artistas, músicos, poetas, filósofos e mesmo libertinos, como Casanova, reuniam-se nos finais de tarde nos cafés da época para tratar de seus assuntos e beber café.
Da Itália o café foi para Londres, que na época seria semelhante a uma imensa taberna onde a embriaguez era a regra geral. Cervejas escuras, hidromel com álcool, licores, menta, conhaque, vinhos e whisky ajudavam os britânicos a embriagarem-se. A chegada do café a Inglaterra foi providencial, pois ajudou a diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e a afastar as muitas pessoas das tabernas, onde deixavam dinheiro e saúde. Como o café era barato e bom, os estabelecimentos que o serviam foram inicialmente chamados de "penny universities", porque bastava um penny para tomar uma chávena ou copo de café e ficar por ali ouvindo e aprendendo quase tudo que se quisesse, desde posições políticas, gostos literários e mesmo actividades comerciais.
Em 1674, um grupo de mulheres inglesas publicou, um panfleto intitulado "Petição Feminina contra o Café”, apresentando à consideração pública as grandes inconveniências para o seu sexo do uso excessivo deste licor viciante e debilitante. As mulheres argumentavam que os homens consumiam muito café, e como resultado eram "infecundos e inúteis como os habitantes de onde esta planta inútil nasce e é cultivada". As autoras da petição pareciam sentir-se realmente infelizes, pois o texto referia ainda: "O palato de nossos cidadãos tornou-se tão fanático como as suas vontades; como pode ser possível que eles possam renunciar ao antigo e bom costume de beber cerveja para perseguir este líquido pervertido, deitar fora o tempo disponível, gastar o seu dinheiro, tudo para beber um pouco desta água suja, nauseante, desagradável, amarga e escura". Os homens que costumavam dedicar muitas horas nos ditos cafés, elaboraram o seguinte texto, "Resposta dos Homens à Petição das Mulheres contra o café", que dizia: "Porque deve a inocente bebida oriunda do café ser objecto de vosso mau humor? Este licor inócuo e curativo, que a providência divina nos enviou não é a razão para a diminuição da nossa actuação no desporto de Vénus, e nós esperamos que vocês aceitem esta excepção". O problema acabou por ser resolvido e o preconceito desapareceu quando as mulheres passaram a fazer café em casa pela manhã, para estimular os maridos a ficarem em casa ou voltarem para casa para tomar um bom café antes de deitar. Eventualmente assim ficavam excitados e felizes. E suas esposas também.
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